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Indo às compras com os novos Marketplaces do Agro

Aumento nas vendas de alimentos e dificuldades decorrentes do distanciamento social durante a pandemia alavancaram a utilização dos marketplaces de produtos agropecuários

É indiscutível, a pandemia de Covid-19 alterou totalmente a lógica de comercialização de produtos agroindustriais. De um lado, diversos países iniciaram uma corrida para formação de estoques de commodities agrícolas e outros artigos alimentícios. Do outro lado países como o Brasil, tiveram suas exportações fortemente impulsionadas. E ainda, as medidas de isolamento social promoveram um aumento na demanda por artigos de primeira necessidade, como os alimentos. Passamos por uma verdadeira transformação em nossas casas. As limitações impostas dificultaram as transações presenciais e as vendas no varejo. Porém, não apenas as famílias foram afetadas, mas também todos os envolvidos na cadeia agroindustrial.


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MARKETPLACE

Plataforma on-line que reúne produtores de bens e serviços (geralmente focado em um nicho específico do mercado) criando um ambiente seguro onde clientes podem comparar preços e fechar negócios com maior facilidade.

Exemplos: Mercado Livre e Alibaba.

Foi com base nesse cenário que o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – ESALQ-USP) em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) divulgou dados sobre a produção total do agronegócio brasileiro. Houve um crescimento do PIB do agronegócio na ordem de 24,31% em 2020, totalizando quase R$ 2 trilhões de reais. Apenas para se ter uma outra dimensão deste crescimento, uma pesquisa de maio de 2020, feita pelo Movimento Compre & Confie, mostrava um aumento de 252,4% nas compras de alimentos e bebidas em um intervalo de apenas 12 meses. Essa tendência de alta procura por alimentos se manteve ao longo de todo ano de 2021.

Esse cenário fez com que as iniciativas de marketplace, que já vinham ganhando espaço em diversos setores da economia, ganhassem ainda mais espaço, principalmente no setor agroindustrial. A plataforma Orbia, é um destes exemplos. Desde 2019 a startup tem oferecido diversos produtos para todas as etapas da produção agropecuária, incluindo compra de sementes, agroquímicos e fertilizantes. A Orbia ainda oferece um ambiente virtual seguro para que os produtores negociem sua produção.

Já o Mercado CNA, da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil, une os produtores – que podem indicar suas regiões geográficas e seus produtos à venda – com os compradores, que acessam a plataforma à procura dos produtos agropecuários sabendo exatamente onde estão localizados os artigos de seu interesse e se vale a pena ou não efetuar a compra. Esta ferramenta tem como diferencial oferecer uma enorme gama de produtos agropecuários, além de ser mais atrativo para pequenos produtores. No Mercado CNA é possível se encontrar desde flores à cogumelos, de carnes às hortaliças e até mesmo silagem.

Segundo Vitor Gaspar, economista e CEO da AgriPad, a procura por soluções digitais de marketplace cresceu muito durante a pandemia. Ainda sobre a tendência dos marketplace, Vitor comenta que “…veio para ficar. O ganho de eficiência é gigantesco”. Criada em 2015, a AgriPad lançou sua plataforma de marketplace em 2019. A startup se especializou nas negociações entre produtores de grãos e compradores através de um ambiente on-line seguro.

Segundo o CEO da AgriPad, a startup tem como diferencial conectar produtores de qualquer parte do Brasil com os compradores, que podem comparar os preços dos produtos oferecidos. Os preços já incluem cálculo de frete e de todos os impostos que incidem sobre o produto. A própria startup acompanha a entrega do produto, fazendo a gestão da logística. A plataforma também oferece a alternativa de venda futuro para os usuários.

O período em que Vitor Gaspar trabalhou como trader foi fundamental não só na concepção do algoritmo da plataforma, desenvolvido por ele mesmo, mas também na compreensão de como o mercado de grãos funciona e quais são as demandas dos produtores e dos compradores.

A conectividade tem chegado ao campo e facilitado a vida do produtor, que utiliza cada vez mais tecnologia em sua produção e no escoamento de seus produtos. E o feedback positivo de seus clientes faz com que a AgriPad ganhe novos clientes e amplie sua rede de negócios.

Sobre a batalha entre marketplace e mercados físicos, Vitor comenta “não vejo o mercado manual deixar de ser utilizado tão cedo. Acredito que algumas operações vão ter que se ajustar, por exemplo, o caso das distribuidoras e o das revendas”. “Temos um modelo com bastante potencial. Todos os produtores e consumidores querem independência, querem ter transparência. Eles querem ter controle da sua própria operação e é exatamente este o nosso foco:  dar a independência e poder, tanto para grandes e pequenos produtores como para os consumidores” conclui Vitor.