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Como a Nestlé está se reinventando e renovando seu portfolio

Compra de empresas menores e mais ágeis, com produtos orgânicos e naturais, trouxe agilidade à gigante do setor

Durante alguns anos, a Nestlé, a maior empresa do ramo alimentício do mundo, simplesmente não conseguiu acompanhar algumas das novas tendências de consumo que surgiram. Para muitos, ela era apenas uma fabricante de chocolates e alimentos congelados. Em 2018, no entanto, a situação começou a mudar. Mostrando uma agilidade fora do comum para uma empresa conservadora de 152 anos de história, a Nestlé fez algumas movimentações de renovação de seu portfolio para se adequar a um mercado mais ágil e competitivo.

A empresa vendeu algumas de suas principais marcas de doces para o Ferrero Group, dono da Nutella, em uma transação de US$ 2,8 bilhões. Também pagou US$ 7,1 bilhões ao Starbucks para vender seus produtos em lojas espalhadas pelo mundo. Mas as maiores mudanças envolveram a aquisição de outras companhias menores, mais alinhadas com as preferências dos consumidores.

Uma delas é a Terrafertil, empresa equatoriana criada em 2005 por três irmãos e a maior compradora de goldenberry, uma fruta andina rica em ferro e considerada um superalimento. A Nestlé passou a controlar as operações nos sete países em que atua. Também comprou a Sweet Earth, com sede na Califórnia, especializada em proteína de origem vegetal e responsável por produtos como o Presunto Inofensivo e o Bacon Benevolente.

As duas aquisições fazem parte de uma estratégia de reformular 10% de seu portfolio para apresentar mais opções saudáveis, menos processadas e de origem vegetal. No caso da Terrafertil, a empresa ainda é comprometida em garantir que alguns de seus insumos vem de pequenos produtores, uma característica buscada por alguns dos consumidores mais exigentes. E essa mudança nos produtos oferecidos têm sido colocada em prática com uma velocidade muito maior justamente por conta da agilidade dessas empresas menores.

E embora não tenha nenhum outro acordo pronto, a Nestlé continua de olho na América Latina. A desvalorização cambial tornou os ativos mais baratos em moeda forte. De acordo com Laurent Freixe, responsável pelas operações da companhia no continente americano, em entrevista a “Bloomberg”, o foco das próximas aquisições serão empresas de pequeno e médio porte, mais fáceis de serem integradas, e com produtos capazes de repercutir bastante especialmente entre o público mais jovem.