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Primeiro carro à hidrogênio construído por estudantes brasileiros roda no AgTech Valley – Vale do Piracicaba

cH2llenge lança no AgTech Valley – Vale do Piracicaba a economia da mobilidade à hidrogênio em competição inédita no mundo

Não é a toa que Piracicaba é um vale de tecnologia. A cidade é sem dúvida uma das maiores protagonistas na mudança da matriz energética brasileira do petróleo para os biocombustíveis, com destaque máximo para o etanol. Desde o lançamento do pro-álcool a quase 50 anos, a cidade continua sendo o centro das atenções quando se fala em alta tecnologia. As contribuições de Piracicaba nesse setor passam pela siderurgia, pelo melhoramento genético da cana-de-açúcar, pelo desenvolvimento de tecnologias associadas à fermentação e ao desenvolvimento de novas formas de se obter combustíveis renováveis, como é o caso do etanol 2G [segunda geração].

Esse cenário nos dá uma pequena ideia do que a cidade representa em termos de inovações, tecnologia e ciência de ponta. Se considerarmos todas as áreas do conhecimento, contabilizamos um número expressivos de empresas, algumas centenas de startups e um ecossistema maduro integralizando todas as iniciativas. Tudo só é possível devido a uma rede de geração de conhecimentos única, formada por escolas técnicas de excelência, faculdades e universidades. Esse sistema obviamente atrai investidores e engaja o sistema de governança público, além de outros atores e infraestruturas que somente se encontra na noiva da colina, Piracicaba.

É por isso que a cidade se tornou conhecida como AgTech Valley – Vale do Piracicaba e sem nenhuma analogia ao famoso Vale do Silício na Califórnia como algumas mídias insistem em fazer. Quem conhece bem a região sabe que o apelo vale, vem da maravilhosa paisagem formada pelo Rio Piracicaba.

Essa paisagem com ambiente efervescente em tecnologia não tem limites e nem barreiras e atrai eventos e ocasiões muito especiais e fazem de Piracicaba um palco para o mundo assistir aquilo que de melhor os brasileiros podem produzir com sua criatividade.

Foi exatamente isso que aconteceu no último dia 14 de agosto de 2022, em um domingo de dia dos pais, quando um carro tipo baja rodou pelo autódromo da cidade movido à hidrogênio. Esse foi o ponto culminante da 18a Competição Fórmula SAE Brasil, uma competição que desafia estudantes do Brasil todo a construirem carros a combustão e elétrico. Entretanto, esse ano o evento teve um requinte a mais, com o lançamento de uma competição para construção de um carro movido à hidrogênio. O projeto nasceu em plena pandemia e contou com mais de 170 estudantes envolvidos, divididos em 8 equipes, representando diferentes instituições de ensino como UNICAMP, UFRJ, FEI, Instituto Mauá de Tecnologia, UNIFEI, UFABC, Facens e SENAI CIMATEC. Conforme os organizadores do evento essa é a primeira competição do tipo no mundo.

Segundo Camilo Adas, presidente do Conselho da SAE, essa competição marca o início da economia da mobilidade à hidrogênio no Brasil e com uma competição inédita no mundo. O próprio presidente referenciou a importância da cidade de Piracicaba como protagonista da mudança da matriz energética brasileira e que agora era palco da apresentação e de abertura e uma nova economia, movida à hidrogênio.

Para Monica Saraiva Panik, mentora da Mobilidade a Hidrogênio da SAE Brasil e reconhecida mundialmente pelas suas contribuições com o tema, o desafio surgiu como uma oportunidade de se transferir para as universidades brasileiras tecnologia de ponta, trabalhando-se lado a lado com engenheiros experientes da industria nacional e internacional [Fonte: SAE Brasil].

Para os organizadores esse é o ponto mais importante de todo o trabalho desenvolvido ao longo dos últimos anos, a geração de uma massa crítica e criativa que possa impulsionar uma nova matriz energética para o país, com a oportunidade de assumir uma liderança global, tal como ocorreu com os biocombustíveis. A SAE Brasil garantiu que essa competição continuará acontecer e há uma grande expectativa de que o número de participantes cresça já para o próximo ano. Mais ainda, o evento lançado no Brasil será uma referência para outros no mundo.

Para que esse projeto foi possível, a SAE Brasil contou com o apoio de muitas empresas e instituições parceiras, como Air Products, ALMACO, AFAVEA, AVL South America, Clarios Brasil, CNPq, Ford, Gatron, General Motors, MCTI, Mercedes-Benz, Novapol, Parker Lord, Polynt Reichhold, SEG Automotive, Semcon do Brasil, Siemens Automotive, Sobratema, Texiglass, Volkswagen, WEG Equipamentos Elétricos e com destaque para a Ballard que fez a doação de oito sistemas de células a combustível para que os estudantes pudessem desenvolver seus projetos.

Nessa primeira edição, quem fez história foi a Equipe UNICAMP Baja SAE, que desenvolveu um projeto impecável de construção de um carro à hidrogênio que rodou pela pista do Esporte Clube Piracicabano de Automobilismo (ECPA-Piracicaba-SP). A equipe se tornou a vencedora do desafio e recebeu como prêmio mais uma célula combustível que permitirá a construção de mais um veículo. O carro foi apresentado e exposto ao público durante a cerimônia de encerramento e premiação do evento.

Para a todos os envolvidos no projeto chamado Ch2llenge – SAE BRASIL & Ballard Student H2 Challenge, o campeão mesmo foi o país, que agora conta com uma rede de inteligência sobre mobilidade à hidrogênio formada principalmente em sua base por estudantes, instituições de ensino e pesquisa com suporte e apoio da iniciativa privada e agências governamentais.

Editado por

Mateus Mondin

Professor Doutor

Departamento de Genética

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ

Universidade de São Paulo

Editor Chefe da StartAgro