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Empreendedores responsabilizados pelos baixos retornos

Não há dúvidas de que nos últimos 20 anos vivemos uma revolução digital. É incrível como todos os setores da economia foram transformados por um processo massal de digitalização. Na agricultura não foi diferente e milhares de startups surgiram ao redor do mundo, oferecendo todo tipo de solução em aplicativos e plataformas.  

A conhecida agricultura digital, criou novas formas de tomada de decisão à campo, gerou agregação de valor aos produtos e permitiu o monitoramento real-time das fazendas e indústrias processadoras. O maior exemplo deste fenômeno rural foi o investimento de quase US$ 1 bilhão para a aquisição da startup de agricultura digital Climate Corporation, pela hoje extinta Monsanto em 2013. O que se viu desde então, foi uma verdadeira corrida armamentista dentro do agronegócio, atrás de descobertas que pudessem revolucionar o campo. Para isso, ano após ano os investimentos no setor foram crescendo, atingindo a casa dos bilhões de dólares. E o uso da tecnologia digital nas fazendas se tornou cada vez mais significativo, com centenas de milhões de hectares detalhadamente monitorados.

Essa nova agricultura tem atraído muitos investidores, que sonham com unicórnios, que podem transformar suas vidas da noite para o dia. Mas quão satisfeitos estão aqueles que investiram muito dinheiro nas startups de agricultura digital? Os recentes resultados apresentados por um relatório da McKinsey Global Institut, não são os mais animadores e os unicórnios ficam apenas no campo dos sonhos. Aproximadamente 40% dos entrevistados alegaram ter um retorno muito inferior às promessas revolucionárias destas tecnologias digitais do campo.

O que é necessário para se ter sucesso na agricultura digital, sendo que a cada dia há um número cada vez maior de startups oferecendo soluções muito parecidas?

A consequência natural dessa insatisfação é o aparecimento de dúvidas sobre o real potencial destas tecnologias. Agora o debate tem uma nova tônica: o que é necessário para se ter sucesso na agricultura digital, sendo que a cada dia há um número cada vez maior de startups oferecendo soluções muito parecidas?

O relatório da consultoria aponta como principal responsável pelo fraco desempenho, a fragilidade dos planejamentos estratégicos que norteiam às aplicações das soluções digitais, sejam elas novas ou vinculadas às anteriores.

A equipe de empreendedores é uma das chaves que explicaria os planejamentos estratégicos de baixo desempenho.

A equipe de empreendedores é uma das chaves que explicaria os planejamentos estratégicos de baixo desempenho. Os dados mostram que os empreendedores não são capazes de estabelecer ideias claras e de valor, sendo estes os principais pilares para a construção de qualquer empreendimento de sucesso. Como resultado o retorno dos investimentos recebidos em grande escala por essas startups, ficam muito abaixo do esperado, deixando os investidores desconfortáveis e incrédulos.

O relatório aponta que os poucos cases de sucesso, são exatamente aqueles em que o CEO e sua equipe, foram capazes de criar estratégias claras, com geração de valor atrelados com os investimentos em escala.

É importante destacar que para se fazer uma transformação digital de impacto, é indispensável uma visão macro do objetivo a ser alcançado com a aplicação da inovação. O papel do idealizador da solução digital é justamente o de comprovar o potencial da sua inovação e ter uma abordagem multifacetada para sua monetização.

 O estudo ainda destaca a importância de outros fatores que podem levar ao sucesso, como novas fontes de receita, objetivos que priorizem investimentos, monitoramento dos indicadores de valor do negócio e estratégias de escalabilidade. É necessário ainda a identificação de novos valores dentro do negócio e em cada um dos seus domínios, tanto comercial quanto operacional.

A conclusão da consultoria é de que a agricultura necessita urgentemente de uma reinvenção digital. Para isso os empreendedores precisam entender seu papel central na geração de resultados satisfatórios. É necessário que o idealizador do negócio seja capaz de adequar as suas ações a um sólido planejamento e seja capaz de aprimorar constantemente a estratégia comercial. Por fim, para aquelas empresas já estabelecidas no agronegócio fica o alerta para a redução de custos e a maximização dos lucros.