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Conheça a Cyklo Agritech, aceleradora que fomenta a inovação no Matopiba

Uma das mais importantes regiões produtivas do Brasil, o Matopiba (que inclui que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) ainda não tem um ecossistema de inovação totalmente desenvolvido. Mas a situação está mudando desde a inauguração da aceleradora Cyklo Agritech, em Luís Eduardo Magalhães, na Bahia. Desde o final do ano passado, o espaço tem reunido startups de vários cantos do Brasil em um esforço para resolver as dores dos produtores locais.

Embora tenha sido lançado oficialmente em setembro de 2019, sua história teve início algum tempo antes, quando um grupo de produtores e investidores da região decidiu criar um hub de investimentos em startups. Chamaram Pompeo Tadeu Scola, atual CEO, e Aguinaldo Gomes Marques, COO, ambos com experiência em mentoria e inovação, para tocar o projeto. Após um período de estudos, eles identificaram o setor agtech como o mais interessante para a região. “Os produtores daqui são mais permeáveis à inovação”, afirma Aguinaldo Marques. Segundo ele, as dificuldades climáticas enfrentadas fazem com que a adoção de melhores práticas e tecnologias seja facilitada. “Os investidores abraçaram a ideia em março de 2019 e alguns meses depois a Cyklo era inaugurada”.

Atualmente, o hub está acelerando as agtechs selecionadas no primeiro edital. Foram 10 empresas escolhidas e cada uma recebe um aporte de R$ 200 mil. Os sócios-investidores ficam com uma parte em cada uma, e elas recebem, além dos recursos financeiros, mentoria, apoio profissional e a chance de usar o espaço físico do hub. Entre as soluções que estão sendo desenvolvidas está um fertilizante 100% orgânico feito pela Agroper, de Lajeado, e uma aplicação controlada de CO2 antes do plantio feita pela DIOXD que oferece um ganho físico de até 12% na planta.

A pandemia, no entanto, alterou um pouco o funcionamento do espaço. A equipe e as startups continuam trabalhando normalmente, mas diversas atividades foram suspensas, como as visitas a feiras e as viagens. “Já tínhamos alugado o espaço que usaríamos na Bahia Farm Show, principal evento da região. Faríamos três palestras para fomentar o pensamento disruptivo e apresentaríamos algumas das soluções que estão sendo desenvolvidas”, diz Aguinaldo. 

O fomento ao ecossistema também vem sendo feito por meio da aproximação com as universidades da região. A primeira foi a Universidade Federal da Bahia, que recebeu a equipe de braços abertos e assinou um termo de cooperação, em que os alunos podem participar de mentorias no hub, enquanto atividades da Cyklo podem ser feitas e contabilizadas como dever de casa dos estudantes. “Dessa maneira, eu ofereço conhecimento aos alunos, que por sua vez ajudam no trabalho das startups”, conta Aguinaldo. Outras instituições de ensino também haviam demonstrado interesse em parcerias, mas esse trabalho também foi afetado pela pandemia.

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Agora, a Cyklo se prepara para o próximo período de aceleração. “Talvez a gente faça uma adaptação no ciclo para coincidir com a safra, assim os produtores já podem testar algumas das soluções em campo”, afirma o COO. Além disso, o hub pretende começar a trabalhar mais a comunicação – por enquanto, toda a divulgação havia sido feita no boca a boca. “E sinto necessidade de um suporte de marketing, uma pessoa o tempo todo dedicada a isso. Talvez trabalharemos nisso no ano que vem”, diz Aguinaldo.