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Agtechs captaram US$ 19,8 bilhões em 2019

Dados foram reunidos pelo AgFunder, um dos principais fundos do setor, e mostram uma queda no valor total de investimentos

Em 2019, foram investidos US$ 19,8 bilhões no ecossistema agrifoodtech do mundo. O valor total representa um decréscimo de 4,8% em relação aos 20,8 bilhões registrados em 2018. Essa queda, na verdade, foi registrada em todos os setores. No geral, foram investidos 16% a menos em um ano marcado pela incerteza por conta da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, pelo Brexit e pelo enfraquecimento da economia chinesa. Os dados estão no AgFunder Agri-FoodTech Investing Report – 2019.

A queda também foi marcada por uma redução de 56% nos investimentos feitos em apps de delivery de comida para os consumidores finais, segmento de mercado que havia registrado grandes aportes no ano anterior. Em um mercado saturado, os players mais relevantes estão consolidando sua dominância e investidores estão deixando de fazer aportes em novas empresas. A categoria que inclui restaurantes online, serviços de entrega e tecnologias para cozinhas recebeu US$ 12 bilhões, 7,6% a menos que 2018, em 781 aportes.

Em compensação, houve um ligeiro crescimento nos acordos feitos em startups com soluções antes da porteira e dentro da porteira: foram US$ 7,6 bilhões, 1,3% a mais que no ano passado, distribuídos em 1039 acordos. A categoria inclui biotecnologia, robótica, inovações na fazenda, marketplaces voltados para o produtor rural, alimentos inovadores e outros equipamentos.

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Houve também uma redução nos investimentos feitos nos principais mercados. Ecossistemas emergentes, no entanto, registraram crescimento. A Europa, por exemplo, manteve sua tendência de investimentos de VC em agtechs. A América Latina teve um ano excelente, com US$ 1,4 bilhões investidos, valor que ultrapassava todo o segmento da região em 2017. A África também dobrou a quantidade de acordos realizados no setor.

O aporte de US$ 1 bilhão do Rappi, liderado pelo SoftBank, foi o maior registrado em 2019. A americana Nuro, empresa de robótica que desenvolve veículos de entrega de comida, recebeu US$ 940 milhões em uma rodada também liderada pelo SoftBank. O terceiro maior aporte foi registrado pela Miss Fresh, empresa chinesa de delivery de legumes, frutas e verduras, que recebeu US$ 700 milhões.

Por fim, o estudo do AgFunder aponta a entrada de fundos generalistas no setor. Em edições anteriores, o foco era em investidores especializados em agtech e food tech, mas o ano foi marcado pela entrada de players globais. A grande motivação está no fato de que sustentabilidade e um interesse maior dos consumidores pelo tipo de comida que estão comprando se tornaram duas das maiores tendências do século XXI.

O relatório é um dos mais importantes sobre os investimentos feitos em agtech ao longo dos anos. Publicado desde 2015, o estudo mostra os setores mais interessantes para os investidores, bem como as tendências que registraram mais crescimento e queda. Ao longo do ano, o AgFunder publica também relatórios específicos para ecossistemas vibrantes, como o chinês e o indiano.

O relatório completo pode ser encontrado neste link. Divergências em relação à reportagem que publicamos sobre os investimentos feitos em 2018 estão relacionadas a dados que foram publicados após a divulgação do estudo original.