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World Agri-Tech South America Summit: a convergência entre agtechs e fintechs

Nesta quarta-feira (29) teve início a edição inaugural do World Agri-Tech Innovation Summit no Brasil. Originalmente prevista para acontecer de forma presencial, acabou sendo adaptada para um evento totalmente digital. Com participantes brasileiros e de outros países da América Latina, o encontro mostra a diversidade do ecossistema de inovação da região. E a convergência entre agtechs e fintechs foi um dos principais temas abordados no primeiro dia.

O bom momento que vivem as agfintechs, ou startups que oferecem soluções financeiras para o agro, foi o foco de uma reportagem de capa recente da revista Plant Project. Afinal, os modelos atuais não dão mais conta das necessidades dos produtores e os empreendedores estão tentando desenvolver serviços capazes de atender às demandas. O ecossistema brasileiro de inovação em finanças, bem conhecido no mundo inteiro, é um fator que colabora para o desenvolvimento das agfintechs. “O agro é um dos setores com maior interesse dos investidores estrangeiros. E algumas das empresas brasileiras com as melhores avaliações são fintechs. Sempre imaginamos que esses mundos iam convergir”, afirma Tomás Lopes Pereira, do IDB Lab, o laboratório de inovação do Banco Interamericano de Desenvolvimento. “Finalmente, eles covergiram”.

O movimento é natural, segundo os especialistas. Os produtores têm buscado mais soluções tecnológicas para suas propriedades. Afinal, conhecimento tecnológico deixou de ser um diferencial para se tornar praticamente um pré-requisito. “Produtores precisam entender que a tecnologia é essencial para seu negócio”, afirma Tomás Peña, da aceleradora Yield Lab. “A agronomia que ainda é ensinada não vale mais. Ela está se tornando cada vez mais tecnológica”.

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É desenvolvimento, no entanto, ainda esbarra em diversos gargalos. O velho problema da falta de conectividade no campo é um deles. Outro é a desconfiança que alguns produtores ainda enfrentam na adoção das tecnologias. “As soluções precisam ser confiáveis. O agricultor precisa ter certeza de que elas funciona. Essa é a chave para a agricultura digital”, diz Matthieu Hyrien, VP da Geosys, empresa que oferece soluções de imagem via satélite. A enorme burocracia é outro gargalo. É o tipo de desafio que enfrenta a Agrofy, startup argentina que está tentando levar todo tipo de solução financeira que o produtor encontra offline para dentro de seu marketplace digital. “São pagamentos bem específicos, como o barter, que envolvem inúmeras dificuldades regulatórias”, diz Maximiliano Landrein, CEO da empresa.

E talvez o principal é a necessidade das startups de terem tração suficiente para oferecer melhores serviços a preços atrativos para a maior parte dos produtores. “É um tipo de problema ovo e galinha. As startups precisam de escalabilidade para oferecer mais soluções a um preço melhor, mas não conseguem essa tração sem uma quantidade razoável de clientes”, afirma Tomás Lopes Pereira.

Apesar de tudo isso, a perspectiva para os próximos três anos é bastante empolgante. Segundo Maximiliano, os e-commerces devem se desenvolver muito, e bancos, empreendedores e grandes companhias devem se unir na busca por soluções capazes de atender a todos os elos da cadeia. O fomento e a desburocratização do setor também são imprescindíveis. Com isso, a América Latina tem potencial para se tornar um hub de geração e adoção de tecnologias. “Os tempos são difíceis, mas as oportunidades são imensas”, afirma Tomás Lopes Pereira. Para ele, quem agir agora poderá se tornar uma importante liderança no futuro.

A programação do World Agri-Tech Innovation Summit continua na quinta-feira (30).