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O futuro das proteínas alternativas após o sucesso do IPO da Beyond Meat

Valorização das ações mostra que o mercado tem muito potencial – e os produtores canadenses estão interessados em dominar a produção dos insumos usados pelas food techs

Primeira empresa de proteínas alternativas a estrear na bolsa, a americana Beyond Meat lançou seu IPO com uma valorização de 163%. As ações foram colocadas à venda por US$ 25 e fecharam o dia valendo US$ 65,75. No total, a startup arrecadou US$ 240 milhões, e agora seu valor é estimado em US$ 3,52 bilhões. A estreia foi um enorme sucesso, mesmo em um ano com diversos IPOs importantes. E a comemoração veio na forma de hambúrgueres grátis em algumas das lojas que oferecem o Beyond Burguer.

O sucesso da Beyond Meat é o resultado de uma conjunção de fatores. O avanço da ciência permite a criação dessas proteínas à base de vegetais com gosto bastante semelhante ao de um hambúrguer “de verdade”. Além disso, o mercado consumidor tem se mostrado bastante aberto às novidades. E a estratégia de marketing não apenas da Beyond Meat, mas também de seus concorrentes, é vender o Beyond Burguer como um produto voltado aos carnívoros, não aos veganos e vegetarianos, que representam uma parcela muito pequena da população. A Impossible Foods, uma das principais concorrentes da Beyond Meat, fechou uma parceria com o Burger King e após uma série de testes bem sucedidos em breve todas as lojas americanas da franquia vão oferecer um lanche “plant based”. A gigante Tyson Foods, que detinha uma parcela da startup, está desenvolvendo suas próprias proteínas alternativas. Com isso, o mercado da proteína alternativa deve se tornar multibilionário muito em breve.

Essa leva de food techs também tem defendido que seus produtos reduzem o impacto ambiental normalmente associado à pecuária. De acordo com eles, as opções à base de vegetais são mais éticas e sustentáveis. O que ainda não está claro é se os produtores darão conta da demanda crescente. Diversas receitas adotadas pelas food techs usam uma proteína de ervilha específica, que é feita na França, Estados Unidos e Canadá. A Beyond Meat, por exemplo, fechou uma parceria com a americana Puris. Em entrevista ao Star Tribune, Jon Getzinger, diretor de marketing da empresa, afirmou que a demanda é maior que a capacidade de produção. “Temos uma lista de espera”, disse ele. No ano passado, a Cargill comprou uma parte da Puris, e o valor captado será usado na construção de um novo centro de processamento.

Essa procura pela proteína de ervilha está motivando o governo do Canadá a transformar as províncias de Alberta, Saskatchewan e Manitoba nas principais. referências em proteínas veganas. As três exportaram US$ 28 bilhões em alimentos no último ano. Para fortalecer esse novo mercado, o governo canadense investiu US$ 153 milhões que serão destinados à produção dessas proteínas alternativas. Em entrevista ao Financial Post, Carlos Dade, do laboratório de ideias Canada West Foundation (CWF), responsável por discutir questões de interesse do país, resumiu a meta do governo: “Nosso objetivo é a dominação mundial”.