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Como a tecnologia pode ser usada para potencializar a sustentabilidade?

Painel no evento Agrotools Future 2019 reuniu produtores e executivos para discutir o tema

De que maneira as inovações tecnológicas e as soluções desenvolvidas pelas agtechs podem ajudar nessa busca por uma produção mais eficiente e, ao mesmo tempo, mais sustentável? Esse foi o tema do painel Inovação Sustentável, no evento Agrotools Future 2019, realizado no Cubo, em São Paulo. O debate reuniu produtores e executivos envolvidos no desenvolvimento de soluções de impacto socioambiental.

Marcio Nappo, diretor de sustentabilidade da JBS, apresentou o case que a empresa desenvolveu em parceria com a Agrotools. A política da companhia impede a compra de carne de produtores envolvidos em desmatamento da Amazônica após 2009, com embargos ambientais, que tenham disputas em terras indígenas e que usem trabalho análogo à escravidão. Para fazer um monitoramento mais preciso, as duas empresas criaram o programa Hotspots Mapping, em que imagens de satélite são usadas para mapear regiões vulneráveis ao trabalho escravo. Depois, esses dados são cruzados com a localização dos pecuaristas parceiros da JBS. Quando há uma suspeita de trabalho escravo na fazenda, fiscais são enviados para checar o problema. “A questão dos dados é fundamental para entender a cadeia produtiva”, afirma Nappo.

A Agrotools também usou suas ferramentas para ajudar o Instituto Homem Pantaneiro, organização que luta pela preservação ambiental e cultural do Pantanal. Um dos projetos encabeçados pelo coronel Ângelo Rabelo, presidente do IHP, é o Cabeceiras do Pantanal, que usa o mapeamento da empresa em um ranking de degradação ambiental, identificando produtores que precisam de um acompanhamento.

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Por conta de parcerias como essa, a Agrotools se tornou a primeira agtech com certificação do Sistema S – organização que certifica empresas que conseguem equilibrar propósito e rentabilidade. “A certificação é uma alternativa para empresas que querem fazer parte dessa nova economia, mais inclusiva e sustentável”, afirma Marcel Fukayama, co-fundador e diretor-executivo do Sistema B Brasil.

Até porque não se trata apenas de aderir a um conceito “da moda”. “Sustentabilidade significa estar vivo no futuro”, diz Polyanna Saraiva, head de Rural Banking Brasil do Rabobank. Anibal Wadih, sócio-presidente da GEF Capital Partners, afirma que os propósitos precisam ser rentáveis. Novamente, a tecnologia tem papel fundamental. Ela pode ser usada para desenvolver métricas que levem em conta o comprometimento com práticas de impacto positivo e como elas geram valor compartilhado.

Produtor rural do Grupo Roncador e presidente do GTPS (Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável), Caio Penido defende que o Brasil é um dos países que mais preserva sua vegetação nativa – há certa controvérsia sobre o valor exato, mas pelo menos 63% do nosso território está preservado. “Durante muito tempo, adotou-se uma estratégia distorcida que promovia o medo, o boicote a moratória para evitar o desmatamento”. Embora tenha sido útil, também criou a impressão de que o país é uma terra devastada. Segundo ele, há agora um desafio de comunicação. “Temos que estimular o orgulho do produtor na biodiversidade. Premiar quem faz o certo e transformar isso em vantagem competitiva”.